As novas rotundas do Marquês
Esta semana, a Câmara Municipal de Lisboa fez saber dos seus planos para o futuro desta emblemática e problemática rotunda:encurtá-la, esticá-la e fazê-la em duas. Continuam as 5 vias, mas aumentam os pontos de conflito.
A resenha
Todo o município que se preze, todo o autarca dedicado à causa camarária, tem em vigência de mandato pelo menos uma rotunda construída. É assim que se mostra obra municipal, para todos verem, para todos usarem – as rotundas. Lisboa, prezada cidade violentada pelo carro particular tem, das mais nobres rotundas, a do Marquês, Sebastião de Carvalho e Mello de nome. Rotunda de longa data nascida dos Planos de Rossano Garcia, veio fazer a união e dar continuidade ao então Passeio Público, actual Avenida da Liberdade, às restantes vias que aí desembocavam.
(Rotunda do Marquês – foto de Pinheiro Correia)
(Rotunda do Marquês – foto de Judiah Benoliel)
(Rotunda do Marquês – foto de Américo Simas)
Basta de história
Esta semana, a Câmara Municipal de Lisboa fez saber dos seus planos para o futuro desta emblemática e problemática rotunda: encurtá-la, esticá-la e fazê-la em duas. Continuam as 5 vias, mas aumentam os pontos de conflito.
Toda a gente sabe que o trânsito automóvel em Lisboa sempre foi um caos que nunca se conseguiu domar. Ora por mudança constante de políticas nesta área, ora por nunca se ter tido uma visão bem definida e a longo prazo da expansão da cidade, das suas artérias de rodagem, dos espaços pedonais. Enfim, uma visão de futuro que muda sempre que há eleições.
É preciso não esquecer que (nós) condutores também temos uma quota parte de culpa no inferno que é conduzir em Lisboa: o estacionamento em 2ª fila é crónico, os 4 piscas do “é num instantinho”, as cargas e descargas que se fazem em 3ª fila… Sim, a gente sabe o que é!
Então e a proposta?
Numa onda de retirar os carros particulares do centro da cidade, Lisboa tem vindo a implementar medidas restritivas à circulação automóvel.
A proposta, então, é esta: 3 vias interiores que servirão os três grandes eixos confluentes à rotunda: Avenida da Liberdade, Rua Joaquim António de Aguiar e Avenida Fontes Pereira de Melo; e 2 vias mais externas que servirão dois eixos de “menor” confluência: Rua Braancamp e Avenida Duque de Loulé, e será também para uso do transporte público.
O que diz a Câmara
A premissa desta proposta assenta em, e vou citar:
facilitar o atravessamento dos peões, permitindo a sua circulação a toda a volta do Marquês de Pombal de forma mais protegida, bem como melhorar a rede de percursos pedonais ao longo da Avenida e entre as encostas.
Veja-se então o panfleto disponibilizado no site da Câmara.
Vou apontar o dedo
- Todas as entradas que veem e seguem para os grandes eixos apenas se irão dar por duas vias – insuficiente;
- Todas as bocas do metro vão estar dentro das duas rotundas – inqualificável!
- Pergunta: Onde está o facilitar do atravessamento dos peões ao fazê-los sair dentro da rotunda?
- Há redundância de saídas com as duas rotundas – conflito.
Propostas e soluções
Obrigar o peão a ter de entrar nas rotundas para poder apanhar Metro é uma solução atroz. Criar ainda mais pontos de conflito nos nós rotunda exterior/acesso rotunda interior também não parece boa solução.
Eu acho que neste caso, a turbo-rotunda poderá ser a solução para a placa rodoviária uma vez que encaminha o condutor na direcção correcta sem mudanças de via dentro da rotunda e com um número muito limitado a inexistente de semáforos dentro desta.
Aquela placa central/jardim poderia ser reduzida por forma a aproximar e centrar ainda mais o trânsito fazendo aumentar o espaço circundante circulável por peões e torná-lo verde. Lembro, o propósito da Câmara é educar o trânsito e fazê-lo fluir melhor, aumentar o espaço verde na zona Marquês/Liberdade e trazer Mais Vida à Avenida. Não creio que esta seja a solução que trará a vida que António Costa deseja à Avenida das lojas e das gentes.
Quem conseguiu ler até ao fim, acha esta uma boa medida ou isto não vai correr nada bem?